24.1.14

sobre lobos e trapaças

Dois filmes baseados em histórias reais deste Oscar tratam de um tema semelhante que muito me agrada: o ambicioso mundo dos golpistas. Falo aqui de The Wolf of Wall Street de Martin Scorsese e American Hustle de David O. Russel. 

Mas adianto desde já: Trapaça, nada mais é, que um Lobo de Wall Street para aqueles que preferem Coca Zero. 


O Lobo de Wall Street é Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio, brilhante!), desde sua ascensão como um bem sucedido corretor da bolsa de valores até a sua inevitável queda envolvendo crimes, corrupção e muito, muito dinheiro. Trapaça conta a história do golpista Irving Rosenfeld (Cristian Bale), que junto com sua parceira Sydney Prosser (Amy Adams) são forçados a trabalhar para um agente do FBI, Richie DiMaso (Bradley Cooper), para livrar a própria pele. 


O Lobo é uma sátira sobre excessos, o crime organizado no mundo do colarinho branco, exaltando a vida de um jovem que conquistou tanto dinheiro a ponto de não saber mais com o que gastar: é puro sexo, drogas e rock'n'roll (que trilha sonora, meus amigos!), no melhor estilo Scorsese de fazer cinema. 

Trapaça é um filme de interpretações, personagens interpretando personagens como uma forma de ganhar a vida, uma lavanderia de golpes em que nem tudo é sobre dinheiro. E como de costume nos últimos trabalhos de David O. Russel, são os atores que carregam o filme (palmas para o quarteto principal, com destaque para Jennifer Lawrence, que está cada vez melhor e mais linda), e que nos fazem continuar assistindo à este show um tanto quanto previsível.  


É interessante a forma em que a ambição é tratada em ambos os filmes: em O Lobo, ela é o que move Belfort a querer sempre mais, um resquício de seus excessos, é o que o fez chegar onde chegou e é o que o motiva a continuar. No filme de O. Russel, apesar da ambição ser de fato a essência de todo bom trapaceiro, ela está representada em DiMaso, o agente do FBI que não se contenta com pouco, descontrolado, querendo dar um passo maior que a perna, a ponto de esquecer com quem está lidando. 

 

Apesar dos pesares, Trapaça não é um filme ruim  é o melhor de David O. Russel dos últimos anos (o que não quer dizer muito...), porém, é esquecível. Ao contrário do filme de Scorsese, que provavelmente se juntará a lista de grandes filmes do diretor. 

Não acredito que nenhum dos dois tenham grandes chances no Oscar; O Lobo por ser o filme que é (forte demais para os conservadores da academia), Trapaça não ganha pela concorrência — em um ano mais fraco, levaria fácil o Oscar de melhor filme. Felizmente, este não é um ano fraco, e muita coisa boa ainda está por vir  ou pelo menos é o que eu espero. 


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